"O bigode", de Emmanuel Carrère, um dos autores mais representativos da literatura francesa contemporânea, começa quase como uma brincadeira. Um homem acorda,levanta, vai ao banheiro, examina o próprio rosto, e decide raspar o bigode. A leveza das primeiras páginas chega a pregar peças na emoção do leitor, que logo se vê desconcertado ao perceber que do horror vem a verdade e, da serenidade, o impacto. A força da narrativa está no fato de Carrère ser um escritor que sabe manipular as loucuras secretas de cada um e espalhar o horror com uma calma que só faz reforçar o impacto de sua história.