Emília é uma boneca que não toma jeito. De tanto xeretar nas coisas de Dona Benta, acaba derrubando um grosso livro antigo bem em cima do Visconde de Sabugosa, e quase destrói o pobre do sabugo. No entanto, o acidente acaba por iniciar mais uma das grandes histórias da turma do Sítio do Picapau Amarelo. Afinal, aquele não era um volume qualquer, mas o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, escrito há 400 anos. A curiosidade de Narizinho e Pedrinho foi grande, e a sábia senhora achou uma boa oportunidade para aproximar os netos daquela que é uma das grandes obras literárias de todos os tempos, recontando a história como só as avós sabem fazer. Em Dom Quixote para crianças, clássico de Monteiro Lobato com relançamento da Editora Globo, o autor usa uma linguagem simples e divertida, acessível às crianças, para narrar as aventuras do cavaleiro errante que assombrava a Espanha correndo atrás de moinhos e lutando contra exércitos de carneiros. As ilustrações que dão vida aos personagens são de Camilo Riani. Na época em que foi escrito, Cervantes optou por palavras do cotidiano, ao contrário do que era moda em seu tempo, mas séculos de alterações na língua e nos costumes o tornariam uma leitura mais difícil. E a ideia de Lobato foi exatamente recuperar este sabor original, atribuindo a responsabilidade da narrativa a Dona Benta, que dialoga e responde à curiosidade das crianças - e também das bonecas de pano e sabugos de milho que porventura estejam a ouvir.