O Trauma Alemão reúne os melhores escritos de Gitta Sereny sobre a Alemanha dos últimos 60 anos, num exame da culpa, das negativas e das decepções que, de muitas e diferentes formas, os nazistas deixaram no seu rastro, assim como a sua experiência com o país durante a Segunda Guerra Mundial e os anos posteriores. "O meu interesse maior", ela escreve, "está em saber o que leva o ser humano, considerado em sua individualidade, a sucumbir ao imperativo do mal, ou a resistir a ele." Os primeiros contatos de Sereny com os nazistas ocorreram em 1934, aos 11 anos, quando por acaso, foi levada a um comício em Nuremberg, e quatro anos depois, em Viena, durante a Anschluss. Em 1940, ela estava estudando em Paris quando a Blitzkrieg arrasou os exércitos dos Aliados. Passou a trabalhar como enfermeira num château na Lorena, na França ocupada, à procura de crianças abandonadas, até que, em 1942, advertida de que seria presa, fugiu pelos Pireneus. Depois da guerra, trabalhou em campos de deslocados para a Agência de Socorro e Reabilitação das Nações Unidas (a UNRRA), na Alemanha ocupada. Mais tarde, ao tornar-se escritora, o período nazista e o seu prolongado impacto sobre a Alemanha passaram a ser um dos seus principais temas. Ela escreve sobre pessoas, muitas das quais chegou a conhecer bem, que se envolveram profundamente nos acontecimentos desse período - entre elas, Franz Stangl, o comandante de Treblinka, John Demjanjuk, o suposto Ivan, o Terrível, Leni Riefenstahl, François Genoud, um suíço que amava Hitler, e, logicamente, Albert Speer. Sereny apresenta uma explicação, diferente de qualquer outra, para os chamados diários de Hitler, na investigação dos quais foi a primeira a envolver-se e cujo empreendimento - a criação deles - sabe que foi muito mais complexo do que se imagina.