Embora os governos do PT tivessem sido eleitos com uma proposta contrária à agenda neoliberal, as políticas neoliberais sempre estiveram à sua espreita. Podemos dizer que, de modo mais moderado e amalgamado às demandas sociais, o neoliberalismo manteve suas bases intactas, negociando ora aqui, ora ali, tais demandas represadas. Com a educação isso é bem claro. A ampliação dos recursos da educação básica e o alargamento do acesso ao Ensino Superior, por exemplo, foram algumas dessas políticas marcadas pelo hibridismo das parcerias público-privadas, eivadas de mecanismos gerenciais e princípios empresariais com o objetivo de preservar os interesses hegemônicos do capital, na reserva e qualificação da força de trabalho. O Impeachment da presidente Dilma Rousseff, no entanto, possibilitou a ofensiva dessas políticas em todas as esferas da ação social. Se havia certa moderação na implantação de medidas neoliberais e antipopulares nos governos petistas, pós-impeachment, tais comedimentos foram deixados de lado. Assim foi com a aprovação da Reforma do Ensino Médio, implantada via Medida Provisória, escrita única e exclusivamente a partir dos interesses dos setores privados. Também a Escola sem Partido, que embora considerada inconstitucional, se mostrou como outra medida para garantir a voz unívoca do capital sobre a educação. Toda essa agressividade da política neoliberal gerou reações por parte dos estudantes. As ocupações das escolas em São Paulo em 2015 contra o fechamento das escolas e as ocupações de 2016 contra a Reforma do Ensino Médio demonstraram a insatisfação com os rumos que a educação pública tomou. Nesse sentido, a compreensão das nuances do avanço das políticas neoliberais no Brasil e da resistência estudantil é o grande desafio desta obra.