O livro que o Tiago oferece ao público está em franca sintonia com uma mudança cultural que deveria constituir um ponto sem retorno no paradigma instrumentalmente autoritário de processo penal brasileiro. A abordagem feita pelo autor não deixa de tocar justamente no nó teórico em que se formam os principais argumentos e teorias que erigem a bilateralidade recursal, oferecendo um conjunto de argumentos para demonstrar que é necessário abandonar tal concepção. Um livro que vale pelo seu inconformismo e por desmantelaras bases que sustentam o remansoso consenso na doutrina processual penal. Nesse ponto, principalmente, o livro é uma fonte de consulta obrigatória e, para além disso, representa uma doutrina processual penal crítica que já avançara na direção de reposicionamento dos recursos como objeto de discussão científica no direito processual penal. Neste contexto vem inserida a excelente obra, que é prospectiva, pois mira o futuro, tendo nisso o seu maior valor. É assim que se faz a diferença, olhando para frente e não fi cando atrelado ao senso comum teórico e ao mofo. É de gente assim que o (primitivo) processo penal brasileiro precisa, pois de repetidores de jurisprudência e do discurso do passado, já estamos saturados. Tenho certeza de que você leitor@ não sairá imune e impune dessa leitura, e com certeza terá valido a pena.