Apesar de terem sido escritas há décadas, e de se endereçarem ao filho do oficial que administrava a máquina de extermínio nazista, as cartas reproduzidas neste livro possuem uma atualidade na menos que assombrosa. A seu interlocutor, Klaus Eichmann, primogênito de Adolf caçado, julgado e condenado à forca por Israel no início dos anos 1960, o filósofo judeu Gu¨nther Anders esclarece que não quer remexer o passado, mas falar do futuro: é necessário buscar aquelas raízes que não se extinguiram após o colapso do sistema do terror de Hitler e de seu pai. Seu maior pesadelo é a repetição da monstruosidade, que para ele é resultado do avanço frenético da técnica e da incapacidade do ser humano de sequer imaginar a magnitude do poder de destruição que desenvolveu. Ao tentar convencer o filho a romper com a herança paterna, fica claro que Anders está falando a todos nós, conclamando ao pensamento crítico e à consciência sobre em que medida nossas ações cotidianas, nosso trabalho, a [...]