As palavras "purifiquem os leprosos" terão no futuro o mesmo significado que tiveram nos dias de Jesus, quando Ele as pronunciou. Numa paráfrase ampliada, talvez elas possam ser expressas assim: ‘Procurem os excluídos, os desprivilegiados, e todos aqueles que sofrem por causa de atitudes da sociedade. Ajudem-nos a se manterem sobre suas próprias pernas e tragam-nos de volta à sociedade que os desprezou e os lançou no ostracismo.’ As primeiras referências à hanseníase vêm da Índia e são datadas aproximadamente do ano 600 antes de Cristo, embora provavelmente sejam resultado de tradições orais mais antigas. Os registros da China e do Japão são de datas um pouco posteriores às da Índia. Sabe-se que a história da "lepra" no Japão possui paralelos interessantes com a da "lepra" bíblica: a imprecisão, as implicações não-clínicas e o medo excessivo. Os primeiros registros da doença na Europa só se tornaram conhecidos a partir de citações posteriores de obras originais que se perderam. Rufus de Éfeso cita Estratão, um discípulo do médico Erasístratos de Alexandria (c. 300-250 a C), apresentando uma descrição precisa da hanseníase de baixa resistência. Ela é chamada de elefantíase e vista como uma doença completamente nova, desconhecida para os observadores mais antigos. Depois a doença foi levada pelos soldados e comerciantes de Atenas e Roma para os países da Europa e da África do Norte. É possível identificar a elefantíase com a hanseníase. Porém, todas as referências à "lepra" parecem derivar dos antigos conceitos hipocráticos de uma doença descamante da pele, sem indicação de que alguma doença desse tipo pudesse incluir sinais de hanseníase. Foi somente mais tarde que esses dois conceitos médicos distintos - a hanseníase e a "lepra" - se confundiram. A confusão parece ter-se originado com os escritos de Galeno (130-201 d C). As pessoas acometidas pela hanseníase fazem parte de uma categoria especial de necessitados, não apenas por causa do seu sofrimento físico e mental, mas também em razão da negligência de seus companheiros e da discriminação da sociedade. Portanto, assim como os primeiros seguidores de Cristo "tocavam" os doentes, os cristãos de hoje precisam continuar "tocando" os afligidos pela hanseníase, levando-lhes simpatia e cura, conduzindo-os para mais perto da saúde e de Deus.