Em Olympia, sexto e inédito romance de Wolff, são narradas duas histórias que correm paralelas, a princípio independentes, mas que se interpenetram e se complementam. Burlar a estrutura narrativa tradicional pode ser visto como um traço do estilo de Fausto Wolff, já que essa característica aparece em outros romances como À mão esquerda e O lobo atrás do espelho. Dessa maneira, o autor propõe uma espécie de jogo ao leitor, que é convidado a percorrer os labirintos do texto para descobrir relações, correspondências e identidades entre os enredos. No romance, a realidade e a ficção se misturam de tal forma que não existem limites entre uma e outra instância. Fausto Wolff faz um verdadeiro inventário de acontecimentos históricos, fatos políticos, elementos de biologia, química, paleontologia e psicanálise, conceitos de filosofia e referências à literatura, às artes plásticas e ao cinema. Esse conhecimento enciclopédico é ficcionalmente trabalhado pelo autor, que, com seu poder de fabulação, constrói o texto literário. Por isso, a atividade lúdica acima referida não é puro divertimento, mas também uma aprendizagem livre de teor pedagógico. É também uma forma de reflexão sobre homem em seus variados aspectos: religião, arte, política, ciência, vida e morte.