Este livro aborda uma das questões mais instigantes das reflexões de Montesquieu: a da natureza do regime despótico. Se para nós, hoje, o termo despotismo está plenamente incorporado ao vocabulário político, a autora mostra com riqueza de detalhes que esse não era o caso no século XVIII. É verdade que já se mencionava o despotismo na Antiguidade. Contudo, foi preciso que séculos se passassem para que se começasse a falar dele como um regime que dizia respeito também aos povos do Ocidente, que até então haviam se limitado a olhar com desprezo para os orientais, que se deixavam governar de forma tão brutal. Estas páginas nos permitem reviver os momentos de surgimento e transformação de um conceito que acabaria no centro dos debates iluministas e lança um alerta: longe de ser uma organização política rara e exótica, é a mais fácil de existir, pois não comporta nenhuma elaboração institucional complicada.