Em Velhos, sua nova coletânea que tem como tema a senilidade, as personagens não estão mergulhadas em reminiscências de uma vida passada, como quase sempre vemos na literatura. Antes de tudo, elas fazem de seu declínio atual matéria para nos contar boas histórias em textos que carregam em sua brevidade a marca humana. Nomear a forma narrativa presente de microconto seria reduzir o projeto literário da autora. O prefixo micro, que muitos críticos insistem em usar para se referenciar às narrativas de pequena extensão, nada acrescenta à força de seus textos, que são poderosas sínteses do nosso tempo vital, e por isso mesmo se revelam pequenas joias lapidadas por cuidadoso trabalho de ourivesaria. Velhos, como toda boa literatura, fala ao nosso universo íntimo, e nos lembra a finitude de nossa própria existência.