A necessidade de dizer logo no princípio a que vimos, ou o que propomos, leva-nos a abrir este livro como quem faz uma profissão de fé. Essa consiste na busca do princípio maior que rege e coordena a perfeita função daquele segmento do corpo do qual nos ocupamos, ou seja, o sistema estomatognático, com seus numerosos elementos constituintes intimamente relacionados e funcionalmente interdependentes. E nesse sentido vamos procurar, na análise dos diferentes fatores, aquele que vai servir como paradigma que congrega todos os requisitos necessários à plena realização do sistema em termos de forma e função. Em verdade, somente podemos identificar uma patologia quando temos plena consciência de uma normalidade, que longe de ter uma conotação abstrata, está plenamente configurada naquela área de conhecimento, que extrapola as especialidades e que vem a constituir a Reabilitação Neuro Oclusal. Não podemos afirmar que ela é Ortopedia ou Ortodontia, é antes uma filosofia com princípios claros e objetivos sedimentados em observações das leis naturais que se entrelaçam formando uma visão articulada do conceito de normalidade como um todo. Este conhecimento nos foi legado por um mestre, Pedro Planas, um pesquisador nato e arguto, cujas observações nos levam a refletir profundmente a respeito das causas e não seus efeitos, e a não valorizar demasiado aquele aspecto terapêutico imediatista que visa maquiar, adptar esteciametne um desequilíbrio atráves de receitas técnicas predeterminadas. Nossa contribuição a essa filosofia é a de que podemos desenvolvê-la e sua plenitude sem nos ater a um "modus operandi" único, absolutamente monolítico, antes lançando mão de instrumentos vários que visam operacionalizar as ações firmemente calcadas em um objetivo sólido e perfeitamente claro, e em que uma visão desapaixonada fatalmente perceberá a ausência de qualquer eresia. Basta para isso exercitar aquela visão científica de analisar um resultado, um fato clínico. Com esse objetivo, o método exige a setorização dos conhecimentos em compartimentos específicos, como aqueles que delimitam a área da Neurofisiologia Oral, para que comprendamos os mecanismos de recepção nervosa que vão permitir a transmissão dos impulsos que causam estímulos nos músculos, estes, poderosos agentes morfogenéticos, matrizes funcionais que são; os determinantes morfologia oclusal e suas inerações com a articulação temporomandibular; a anatomia dos tecidos moles e duros, cujos conhecimentos vão permitir identificar o campo de trabalho e contribuir na interpretação radiográfica com posterior emprego na cefalometria; os métodos de diagnósticos morfológico e funcional, para identificar os desvios de forma como reflexo dos desequilíbrios oriundos.