Em A dama da solidão , as personagens de Paula Parisot são mulheres que se deparam com dilemas ancestrais, mas tal enfrentamento ocorre hoje, e as protagonistas o encaram sob o prisma de todas as mudanças de comportamento surgidas nas últimas décadas. Isso não significa que sejam todas fortes, decididas, emancipadas: apenas habitam um mundo onde as relações - sejam elas amorosas, familiares e de amizade - mudaram. É o caso, por exemplo, da garota que, em busca de ascensão social, aos poucos descobre a verdadeira natureza de seu príncipe encantado. Ou da mulher que, movida pela curiosidade, ingressa em uma trupe de teatro erótico cuja característica é criar versões em carne e osso de pinturas clássicas, quadros semoventes. Assim como elas, as outras protagonistas deste livro dão voz a um mundo de inquietações que a autora soube traduzir numa prosa ousada e arrebatadora. Alternando o registro dos contos entre o monólogo interior, as cartas e a narração onisciente, Parisot traz à tona os movimentos íntimos que regem nosso comportamento, bem como o instante exato em que as regras mudam, avançam ou simplesmente caem em desuso.