Numa lista dos dez livros mais importantes da literatura brasileira há de figurar necessariamente Quincas Borba. Pode alguém objetar que não: que este lugar caberia a Dom Casmurro. Não há razão para disputas. Coloquemos os dois no mesmo plano. Um poderá ser superior ao outro num e noutro aspecto. Mas se equivalem. Seríamos muito pobres, literariamente, se ambos não existissem. Depois deles, não subimos mais alto. No entanto... nem sempre houve esse entendimento. Quando apareceu, em 1892, numa modesta edição de mil exemplares, o crítico José Veríssimo concluiu o artigo que dedicou a Quincas Borba com esta observação surpreendente: "O melhor meio de servir uma literatura é ainda fazer livros - principalmente bons livros, como este." Um bom livro foi o elogio que lhe concedeu o ilustre crítico. Ora, neste cem anos, não se escreveu coisa melhor no Brasil. (...) (Trecho da apresentação de Quincas Borba pelo crítico Mário de Almeida Lima). Em Quincas Borba, encontramos o forte tema do parasitismo social e a coisificação do homem em suas relações sociais. Rubião, um ingênuo e estreito provinciano, é massacrado por inescrupulosos como Sofia, Palha, Carlos Maria e Camacho.Quincas, prestes a morrer, nomeia como único herdeiro Rubião, um humilde professor interiorano. De posse da fortuna, ele parte para o Rio de Janeiro em busca de status, sem, no entanto, estar preparado para enfrentar os meandros da política, o poder da sedução e a traição, misérias da condição humana de que Quincas - louco ou lúcido? - falava no Humanitismo.