Um gesto preliminar que antecipa o prazer da leitura. Eis o que estes poemas exigem, provocando as pontas dos dedos, ali onde se encontram nossos limites, nossa máxima extensão. Movimento delicado, que solicita frequência, demora, ritmo. Ao toque das páginas, os dias da semana avançam, as palavras se contraem, até que por fim o tempo se transforma, dilatando-se em viagens, sussurros, lembranças. No vazio. Nesse cicio, nesse murmulho, a forma seminal do livro torna-se questão ambivalente, sendo fórceps, contenção do infinito, matéria incontornável e solitária do fazer literário, mas a qual a poesia quer converter em força, energia, através do choque entre afetos e corpos. Há aqui mais êxtase que gênese, e nesse abismobase forma-se uma corrente de versos que flui até atingir profundezas oceânicas, procurando a vida em seu estado líquido.[...]