A própria mídia escolhida pelo poeta já é metafórica. Após cumprir a nobre missão de carregar o primeiro alimento do dia para a casa, os papéis de pão receberam, dia após dia, palavras cuidadosamente escolhidas para alimentar tanto os sonhos de quem as datilografava quanto os de quem as lia. Seja a urgência de um sentimento, a fotografia de um momento fugaz onde a vida realmente acontece, ou mesmo o aroma de um café, tudo isso Marsílio Neville veio registrando e traduzido em palavras desde meados de 2016, escrevendo tudo em sacos de pão.