Seminal e pioneiro, Afrografias da Memória registra a coexistência religiosa e cultural que marca tão fortemente a identidade, a memória e a cultura popular brasileiras, revelando a riqueza das tradições trazidas pelos africanos e a história social e cultural de resistência e sobrevivência das populações negras, durante e após a escravidão, ao incorporar na cultura dominante sua voz, cores e forma de sociabilidade, criando seus próprios rituais e suas próprias formas de pertencimento e acolhimento comunitário. Ancestralidade e comunidade, o terreiro do Jatobá explode em encanto nesse clássico da oralitura. Contando a história do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, em Minas Gerais, Leda Maria Martins, enlaça a palavra escrita com as vozes, cores e as melodias do Reinado, uma manifestação cultural de matriz banto que, por vias das performances rituais, transcria estilos, simbologia, metafísica, coreografia, inúmeros saberes, valores e cosmovisão africanos.