Desde sempre que sentimos um grande respeito e admiração pela obra do Artista criador do mítico projecto de Espacillimités. Admiração que se sintetiza, nomeadamente, em duas realidades: a que faz com que reconheçamos a sua decisiva contribuição no âmbito do grupo "Os Independentes" (grupo fundamental para a construção da modernidade da segunda metade do século XX em Portugal), e a que resulta de um pensamento verdadeiramente singular, e que mais não é do que o profundo questionamento a propósito do sentido e da função da arte (acção persistente de uma problematização tanto teórica como prática da arte). A este propósito, ainda, Nadir Afonso desenvolveu, já, uma obra teórica de excepcional relevância. Obra teórica que se liga à sua produção enquanto pintor e que se integra num ideário mais universal. Com efeito, Nadir Afonso não deixa de ser um figura controversa, na medida em que o seu pensamento não é de natureza convencional. De facto, Nadir não tem sido devidamente compreendido pela comunidade artística e académica do país. Mas essa é a qualidade dos homens e dos artistas que pensam, e que com a sua decisiva contribuição acrescentam conhecimento novo ou obra nova. Nadir, controverso? Talvez. Contudo, determinante para a afirmação de uma consciência estética e ética excepcionais. Nadir Afonso propõe- -nos um privilégio: o de sabermos que podemos ser donos de um caminho novo e sempre diferente, de um caminho que deseja sublinhar, reiteradamente, o que é distintivo no homem face ao que o liga à Natureza, à Vida e ao Mundo.