Uns poucos minutos de uma tarde festiva nos anos trinta, em uma confeitaria de San Moritz. Basta uma xícara de chocolate com que um menino levemente estrábico lambuze a boca isso para resumir a trama do livro e como ela se desenrola. Então o leitor é levado a todas as minúcias da tessitura do romance A casa de chocolate, de Rosetta Loy. A protagonista, Lorenza, provável alterego da autora, vive com a família na Itália. O pai tem um grande amigo, Arturo, jovem cientista feqüentador assíduo de sua casa. Um dia, Arturo desaparece. Com a eclosão da guerra, a família se hospeda na Suíça, na casa da avó, Madame Arnitz. A princípio, os ecos da guerra soam longínquos, mas pouco a pouco invadem os corações de todos. Quebrando a tranqüilidade suíça, Arturo reaparece e é acolhido pela família. A literatura de Rosetta Loy é marcada pela história, não apenas familiar e afetiva, mas também política. A autora pertence à geração que atravessou a Segunda Guerra, e desde seus primeiros livros faz questão de marcar o peso do fascismo sobre toda a Itália do pós-guerra. Através de uma narrativa repleta de afetividade, ela escreveu, segundo a crítica internacional, o primeiro grande romance sobre o fascismo e a deportação desde a obra de Primo Levi.