Depois de quarenta anos de atividade literária, com uma obra que se caracteriza pelo pessimismo e o sarcasmo, Ignácio de Loyola Brandão publicou um inesperado romance de amor com final feliz. O Beijo Não Vem da Boca aborda, em forma de ficção, sem a pretensão de respondê-la, uma das perguntas mais inquietantes formuladas pelo ser humano, desde o momento em que começou a indagar o porquê da vida e do destino: o significado do amor e a sua influência em nossas vidas. Ana, sedutora, fascinando a todos que dela se aproximam. Breno, mergulhado numa crise pessoal angustiante, que envolve a sua identidade, a masculinidade, a sexualidade, os conceitos de vida e comportamento. Num balanço de sua vida sentimental, revê amores passados e traça a própria história da sexualidade brasileira nos últimos quarenta anos. Há saída para a sua situação? O que o amor representa em sua vida? O que deseja das mulheres? Encontros, conflitos, desencontros, uma história de avanços e recuos, em busca do mais procurado de todos os saberes: o saber amar. Expandindo-se e retraindo-se, como o próprio sentimento de amor, a história se desenrola ao longo de três décadas, em cenários diversos: Brasil, Cuba, Dinamarca, Alemanha. Conflitos de cultura, identidades humanas, divergência de opiniões políticas, posições extremas, refletindo um mundo em crise através da redescoberta do amor. Como uma espécie de símbolo, digamos político, do destino das nações, há um momento, dos mais intensos do livro, em que brasileiros e alemães se reúnem em Berlim, para uma feijoada, alegres, despreocupados, sem desconfiarem que estão vivendo os últimos anos de um mundo dividido em dois grandes blocos. A presente edição de O Beijo Não Vem da Boca foi inteiramente revista e expurgada, tornando-se mais enxuta e atraente. É como um novo beijo. Ignácio de Loyola Brandão é jornalista e escritor e já publicou cerca de 30 livros, entre romances, contos, crônicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que crítico não pagava entrada em cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, Depois do sol. Seu primeiro romance, Bebel que a cidade comeu, foi publicado em 1968. Em 1974, foi lançado na Itália o romance Zero, sua obra mais conhecida. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só seria liberada em 1979. Em 1993, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S.Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registrou a experiência no livro Veia bailarina, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião de seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação de sua vida e obra no volume 11 da série Cadernos de literatura brasileira. Em suas crônicas, são frequentes as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao cotidiano da cidade de São Paulo. Pela Global Editora, tem publicadas as seguintes obras para adultos: Bebel que a cidade comeu, O beijo não vem da boca, Cabeças de segunda-feira, Cadeiras proibidas, Dentes ao sol, Depois do sol, É gol (Torcida amiga, boa tarde), O homem que odiava a segunda-feira, Não verás país nenhum, Noite inclinada, Pega ele, silêncio, A última viagem de Borges: uma evocação, Veia bailarina, O verde violentou o muro e Zero. Para crianças e jovens: Manifesto verde, O homem que espalhou o deserto, O menino que não teve medo do medo e O segredo da nuvem.