A mudança no perfil demográfico de nosso país repercute, de forma significativa, na organização afetiva e social das famílias e da sociedade. O envelhecimento da população mundial, em particular, no Brasil, apresenta-se em múltiplas experiências de envelhecer e traz importantes desafios para as políticas públicas de saúde, para o sistema de previdência social, para a organização familiar e para as ciências que tratam do desenvolvimento humano. Um aspecto relevante é o processo de trocas intergeracionais no contexto familiar. Os idosos, ainda considerados em muitos discursos sociais como dependentes, começam a configurar-se como uma geração que oferece suporte afetivo e financeiro para as mais jovens. Os avós emergem nesse cenário como personagens centrais na vida de suas famílias, participando ativamente da educação dos netos e proporcionando apoio afetivo-financeiro aos filhos. O aumento da expectativa média de vida favorece a vivência do papel de avó/avô por mais tempo, engendrando novas formas de relacionamento no contexto familiar e extrafamiliar. Essa realidade complexa demanda estudos que busquem compreender as transferências intergeracionais e as possibilidades de interações entre jovens e idosos nos diferentes contextos socioculturais. Considerando isso, a presente obra retrata uma pesquisa-intervenção realizada em uma escola da rede pública de ensino da cidade de Brasília - DF. A escola foi escolhida como contexto de construção das informações, uma vez que a compreendemos como espaço de desenvolvimento e formação de subjetividades, promovendo tanto a manutenção de significados culturais como sua transformação. O estudo teve como participantes adolescentes e idosos, sendo que na última etapa do processo de pesquisa, privilegiou-se adolescentes e seus respectivos avós.