Renascentismo, grandes navegações, livros raros, música clássica e arqueologia - coisas quase sagradas para os apreciadores da arte, do conhecimento e da aventura. O que, então, teria um demônio a ver com elas? Na narrativa envolvente e bem-humorada deste romance, o escritor e jornalista Alexandre Raposo mostra que, em algumas empreitadas humanas, pode estar o dedo escamoso e frio do demo. O livro é a autobiografia de Giacomo Lorenzo Bembo, um diabo 'conjurado nas ruínas do Coliseu romano, na madrugada de 31 de outubro do ano de 1526 d.C.', pelo escultor e ourives renascentista Benvenuto Cellini (1500-1571). A narrativa se estende por cinco séculos, tempo no qual Giacomo se associa a gente famosa, como o pirata Francis Drake, o violinista Nicolò Paganini, bem como a outras criaturas menos célebres, mas igualmente pitorescas. Giacomo é um diabo extremamente inteligente, culto, multilíngue, mas desprovido de certa habilidade fundamental, inerente a todo diabo que se preze - a de ser essencialmente malévolo. Não que seja um anjo de candura, mas a verdade é que a pouca maldade que assimilou em seus quase 500 anos de existência, adquiriu-a dos humanos com quem teve contato. Hoje é cínico, amargo, cético... mas extremamente bem-humorado para alguém tão idoso.