Nota à 5ª edição Convidada para revisar a 3ª edição desta obra, surpreendeu-me que o autor ainda buscasse um profissional da área para tratar seu texto depois de dois mil exemplares vendidos de um tema tão pouco utilitário e, consequentemente, de baixo apelo comercial como... poesia. Imaginava que só vendessem bem os poetas consagrados, cujas obras constam de currículos regulares de ensino e cursos preparatórios para vestibular... Enganei-me. Ao entrar na 5ª edição e com o quarto milheiro por esgotar-se, As Flores do Caminho de Benjamim Silva está aí para comprovar o meu engano. Sei que em termos comerciais tal cifra é insignificante, mas considerando que foi atingida sem nenhum grande sistema de vendas, é praticamente uma façanha. Aproveito esta oportunidade para falar de outro engano meu sobre poesia: eu pensava que o verdadeiro poeta, o inspirado, o talentoso, não mexesse na sua obra, que a inspiração surgia pronta e acabada para ser impressa, musicada, gravada, cantada. E confesso que me sentia muito inábil na arte quando escrevia um poema e ficava a mexer daqui, mexer dali e, por fim, guardava na gaveta, insatisfeita com o trabalho, com a forma... Até que me deparei com uma declaração logo de quem?! De Carlos Drummond de Andrade, confessando que guardava bem escondida a poesia escrita de supetão e só depois de algum tempo ia analisá-la, isento daquele calor da inspiração que o movera a escrevê-la. E esse distanciamento lhe permitia ler os seus versos com isenção, com espírito crítico e com a razão mais liberta para fazer os ajustes necessários. Das últimas edições deste livro participei, com grande satisfação. Espero que tenhamos chegado ao grau de excelência desejado. Com a palavra, o leitor!