A mais singular e a mais bela das histórias que já ouvi refere-se a um episódio que se deu entre 1916 e 1920, na região montanhosa chamada Serra d’Aire, centro geográfico de Portugal. Três pastorinhos duas meninas, de dez e de sete anos, e um menino de nove contaram ter visto seis vezes uma Senhora toda vestida de luz, em cima de um arbusto. Falava-lhes e logo após desaparecia. Na última das aparições, na presença de setenta mil pessoas, realizou um admirável milagre para provar a veracidade do que dizia. Dois dos pastorinhos morreram pouco depois, como a Senhora predissera. O tempo confirmou mais tarde as outras profecias: a revolução bolchevique, os horrores da Segunda Guerra Mundial e a ameaça do marxismo, que chegou a pairar sobre o mundo todo. A Senhora afirmou que, se os seus desejos fossem atendidos, Ela haveria de converter a Rússia e a paz reinaria no mundo; do contrário, muitas nações da terra seriam flageladas e escravizadas. A terceira pastorinha, Lúcia, tinha quarenta anos por ocasião deste relato, e residia como Irmã leiga no Instituto de Santa Dorotéia, sob o nome de Maria das Dores; e ficou mundialmente conhecida como Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado, e morava no Carmelo de Coimbra. Tive ocasião de conversar detidamente com ela, e nessa conversa pude colher elementos preciosos para este livro, que além disso se baseia amplamente nas Memórias escritas por ela. A mensagem que a Irmã Lúcia devia revelar fora-lhe confiada por Aquela que é, efetivamente, a Rainha do Céu e da Terra. Aquela cuja beleza, poder e bondade foi o tema dos profetas e dos santos, durante centenas de anos. Dela escreveu Isaías: Uma virgem conceberá e dará à luz um filho... O Arcanjo Gabriel saudou-a com estas palavras: Salve, cheia de graça! O Senhor é contigo. És bendita entre as mulheres!, e Ela profetizou mais tarde: Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Por várias vezes essa Senhora mudou o curso da história. O seu Rosário, pregado por São Domingos, lançou por terra a heresia dos albigenses, que ameaçava destruir a sociedade européia. Conseguiu a vitória dos cristãos na batalha de Lepanto, salvando a cristandade do domínio muçulmano. Foi sob a sua especial proteção que Colombo partiu para descobrir o Novo Mundo, e os católicos das Américas, seguindo essa tradição, puseram os seus países sob a proteção de Maria Imaculada. E não se pense que qualquer Nova Ordem do mundo, por mais violenta que seja, há de poder empanar-lhe a memória! Porque no final dos tempos, antes da consumação dos séculos, aparecerá no céu o sinal predito por São João no Apocalipse: Uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. O interesse da história em si que já seria bem grande, mesmo que tivesse sido produto da imaginação é insignificante comparado com a mensagem que a sua divina Autora se propôs revelar. Voltei de Portugal convencido de que nada é mais importante do que propagar o que a Mãe de Deus pediu nessas aparições de 1917, tão incompreendidas pelos mais diversos motivos. O futuro da nossa civilização, da nossa liberdade, da nossa própria existência pode depender da aceitação rendida desses pedidos da Mãe de Deus. (Do prefácio do Autor)