Vejo este material principalmente como suporte da transmissão de conhecimento sobre a África, pura e simplesmente, o que não é coisa pouca, mas ainda como material usado para contrariar o processo de interiorização de uma série de lugares-comuns sobre a África e, consequente, sobre a construção de um sistema hierarquizante de valores culturais. Por isso, este livro pressupõe que se esteja atento a uma perspectiva ocidentalocêntrica, que tem plasmado, mesmo que inconscientemente, os estudos sobre a África feito por cientistas sociais das diversas áreas do saber. O que não posso deixar de referir é que este livro, da autoria de Maria Nazareth Soares Fonseca e Maria Zilda Ferreira Cury, cumpre esta dupla função: por um lado, a de fornecer instrumentos para o estudo interno das literaturas como sistemas autónomos – o que não significa o seu isolamento, o seu fechamento em relação a outro qualquer sistema. Por outro, consolidar o seu reconhecimento como área de estudo eminente. Inocência Mata Lisboa, Março/Abril de 2008