Extintos: assim foram considerados os Kinikinau ao longo do século XX por renomados antropólogos brasileiros, tais como Darcy Ribeiro e Roberto Cardoso de Oliveira. Segundo esses mesmos pesquisadores, só existiriam remanescentes da etnia espalhados por algumas aldeias Terena do antigo sul de Mato Grosso. Durante quase um século, os indígenas Kinikinau se mantiveram invisíveis aos olhos do poder público e da sociedade em geral. Obrigados a assumir uma identidade étnica alheia, perambulando por diferentes paisagens, sempre souberam quem eram, quais suas origens, mas, para evitar perseguições e um possível massacre, se calaram. Contudo, não deixaram de existir e tampouco de sonhar com um regresso ao território tradicional, à vida que lhes foi usurpada pela cobiça dos que lhes tomaram a terra! Como a ave fênix, das mitologias egípcia e grega, os Kinikinau renasceram das próprias cinzas e hoje fazem seu grito de guerra ecoar por todo o território brasileiro, a partir de Mato Grosso do Sul. No final dos anos 1990 iniciaram um movimento de lutas por reconhecimento da própria existência e por direitos historicamente negados. A coletânea Kinikinau: arte, história, memória & resistência reúne pesquisadores que se debruçaram sobre a trajetória espaço-temporal deste povo indígena filiado linguisticamente aos Aruak e que tem suas origens mais remotas no Chaco paraguaio. Juntos, os autores, incluindo indígenas Kinikinau, apresentam um mosaico que revela histórias e memórias de dor e de sofrimentos, mas também de fé e de esperanças! Espera-se que a obra que vem a público ajude a apagar as ideias de extinção e de esquecimento dos Koinukunôen! A fênix renasce, mais uma vez!