Os capitéis das igrejas com as suas representações realistas e didascálicas (a Bíblia dos analfabetos); os pecados e as penitências, minuciosamente catalogados nos manuais para confessores; os modelos de prédicas e a recolha de exempla que os pregadores incluíam nos seus sermões, dirigidos a determinadas categorias sociais; as lendas hagiográficas e as disputas teológicas sobre a prostituição e sobre o «valor justo». Estes documentos, à primeira vista diferentes, surgem analisados numa perspectiva histórica para realçar o nascimento e a mudança da atitude da Igreja perante a luxúria feminina, mostrando a estreita relação que liga a ideologia religiosa - exteriormente imóvel e imutável - e as mudanças socioculturais dos primeiros séculos depois do Ano Mil.