Ainda que bell hooks tenha alertado que amor é mais ação do que sentimento, começamos a leitura de Doze Passos Até Você distantes dessa compreensão. Entretanto, muito acontece quando nos permitimos sentir e olhar de frente para a impossibilidade de sermos correspondidos. E não é surpresa nos questionarmos sobre o amor romântico após anos confinados nos dando conta da precariedade das relações humanas. A solidão, mal do nosso século, é ainda mais perversa quando vivida ao lado de alguém. A palavra amor, ela mesma, tão desgastada. Para além disso, por mais bem sucedidas que sejamos, nós (as mulheres) há gerações somos treinadas para orbitar em torno de outrem. Tanto dentro dos poemas, como na vida, nos pegamos de novo e de novo fora do nosso centro. É olhando por essa perspectiva que Doze Passos Até Você não leva ninguém a lugar algum. Mas é também sem sair do lugar que muitas vezes damos os passos mais importantes. Vemos a perspectiva da narradora migrar da obsessão para a (...)