Este livro é fruto de um trabalho inspirado pelo mais vivo da clínica psicanalítica, suas questões, soluções, desafios, impasses e invenções. O foco aqui é a originalidade do sujeito que, apesar de toda adversidade registrada no campo do social, existe pela via da palavra. Palavra muitas vezes solapada, recoberta, calada, transmutada em cortes feitos no corpo, entorpecida pela narcose que a obstrui, mas que não deixa de se fazer presente quando o sujeito cala e comparece à clínica, estabelecendo uma via de acesso à dor pelo sintoma. Esse sujeito é o do nosso tempo. É aquele que reconhece na clínica psicanalítica o lugar para contar do seu sofrimento por tanto gozar e nada saber. Nas entrelinhas do silêncio ensurdecedor, ou do barulho silencioso da enxurrada de palavras sem nexo, a psicopatologia do cotidiano nos fala de uma clínica soberana. Os textos aqui reunidos percorrem diversos temas relativos a problemáticas e impasses encontrados na prática da clínica: a psicose, a perversão, a relação do sujeito com o corpo, o sintoma, a adoção, a reprodução e a transexualidade. Um trabalho que prima pela abordagem da clínica e suas incidências na psicopatologia do cotidiano.