Uma visão sensível e vigorosa do Brasil contemporâneo, por um excepcional contista ainda pouco conhecido do grande público. Antonio Carlos Viana é integrante da geração de escritores que, nos anos 70, fez da narrativa breve um espaço de experimentaçãNesta coletânea, Antonio Carlos Viana apresenta 33 contos, ambientados ora em paisagens áridas e abafadas do interior brasileiro, ora na França ou no Marrocos, e marcados por "uma austera economia de meios", como observou Paulo Henriques Britto na introdução de O meio do mundo e outros contos. O denominador comum é uma constante sensação de perda - da infância, da pureza, da alegria - e a descoberta por vezes brutal do sexo e do mundo, sintetizada no título do livro, extraído de uma passagem da Bíblia: "Aberto está o inferno e não há véu algum que cubra a perdição" (Jó, 26, 6). Na prosa de Viana, espelha-se um Brasil miserável mas exuberante, que parece saltar diretamente das páginas do livro para os olhos e a imaginação do leitor.