Um Morto na Minha Cama, de Gilmar Duarte Rocha, resgata a essência da farsa, gênero literário onde predomina o tom cômico e satírico, e que recorre, via de regra, ao absurdo, aos equívocos, ao quid pro quo, à caricatura, às situações ridículas. A farsa visa ainda a ubversão de valores da ordem institucional estabelecida, fazendo com que este gênero tenha grande atratividade junto às classes populares. O caráter cinematográfico, que permeia toda a história e que não é novidade em obras desse estilo, é reforçado por pitadas de elementos modernistas e o uso abundante de personagens de diferentes naipes. Ao navegar pelas páginas de Um Morto na Minha Cama, o leitor, desprendido de petulância literária e amante de uma boa história, certamente prenderá a respiração e terá a avidez para conhecer a consecução de todo o enredo. Comicidade o livro é pródigo nesse sentido; sátira mormente à política e aos políticos brasileiros, é fato recorrente, principalmente na segunda parte da história; equívocos abundam-se em torno da personagem principal, Maxwell da Silva; quid pro quo (tomar uma coisa por outra) - estampa-se logo no início da trama; caricatura é uma pandemia em todos os capítulos;situações ridículas invadem o enredo do começo ao fim.