Os textos das orelhas deste livro são bem re-presentativos da produção poética de Sergio Na-tureza. Com mais de 300 canções escritas, muitas delas em parceria com grandes nomes da música popular brasileira, este livro encarna, com ma-turidade, um extrato de sua obra, embora ele persista em quase se esconder na modéstia, em sutil e discreto retraimento. Não pode, porém, escapar do fato de ser um daqueles poetas que retratam o seu tempo com mestria e delicadeza. Natureza sabe, como poucos, quão difícil é viver com arte e pela arte. Apesar disso, com discrição, mas persistentemente, ele resiste, porque o seu destino é plantar, chorar, rir, amar, escalar e esquiar pelos altiplanos da vida, na terra e no mar. E vai bem alto e fundo. No mar, está sempre à espreita daquele momento oportuno, que so-mente os sábios conseguem perscrutar, da pro-ximidade de ondas revoltas nas quais mergulha o seu pranchão poético em busca de águas profun-das e ameaçadoras como a vida, que ele sempre encara, porque não vale a pena viver na rasante. E assim vai "escrevivendo", como ele diz, com sabedoria e sentimento, "surfando, pois todo ar-tista, em suma, é um surfista no dilúvio".