Das diversas formas musicais existentes, os compositores exploraram nos prelúdios e fugas um equilíbrio entre emoção e razão. A fuga evoca as proporções numéricas que coordenam os fenômenos naturais a geometria das leis sonoras, análoga a da complexidade do mundo criado. Já o prelúdio é a ambientação humana, a quase improvisação que prepara os afetos para as especulações das imitações contrapontísticas. Les guitares bien tempérées - 24 Prelúdios e Fugas para dois violões, Op. 199, de Castelnuovo-Tedesco. Escrita em 1962, e dedicada ao duo Ida Presti e Alexandre Lagoya. Escrita em apenas três meses por um compositor no auge de sua experiência, a obra recebeu um título que, em bom francês, não deixa de ter um sabor irônico. Afinal, Les guitares bien tempérées parecem ser, antes de tudo, as do duo Presti-Lagoya, a quem por direito a obra estava destinada. Em sua análise, Thiago Abdalla debruça-se sobre pontos de vista objetivos relacionados ao estilo musical, como: som, texturas, melodias, graus de contraste, cores, contornos, organização tonal da obra, a classificação dos tipos de prelúdios, detalhes de andamento, das dinâmicas e indicações de expressão e análises gráficas minuciosas das 24 fugas. Em sua abertura, entretanto, o título pode ser também um convite para o tempero entre teoria e prática que o trabalho de Thiago Abdalla nos revela.