A aproximação entre tradução e raça vive um momento particularmente instigante neste livro da pesquisadora Mara Lúcia Pinsegher, por suas propostas constitutivas. Da perspectiva da tradução como fenômeno diferenciador entre os dois idiomas envolvidos, fonte e alvo, avança para as transformações pelas quais passa o personagem central Daoud Hari, em função do seu contato com os mundos africano e ocidental. Mobilidade textual e racial se ancora na noção de narrativa ontológica e pública, o que permite ao personagem do romance deslocar-se da tradução textual para a autotradução racial. A relevância da contribuição de Pinsegher para os estudos da tradução se situa na confluência entre tradução, genocídio e conflito.