As análises apresentadas pelos artigos que compõem esta coletânea se articulam em torno de um objetivo comum: pensar as culturas políticas, as políticas para a educação e o ensino de História nas décadas de 1930 e 1940. As discussões realizadas partem da premissa que entre o final do século XIX até a década de 1940 a escrita de uma História Pátria ocupou importante papel nas preocupações de intelectuais e políticos brasileiros. Com o recrudescimento do nacionalismo observado após a Revolução de 1930 e, mais especialmente, no Estado Novo (1937-1945), o antigo diagnóstico de que a ausência de sentimento patriótico impunha riscos à unidade nacional se articularia a um amplo projeto político que pretendeu atingir diferentes setores do país, entre eles o educativo. Nesse movimento, a preocupação em se construir e consolidar uma dada consciência nacional colocou a História e seu ensino no centro dos debates das reformas educacionais e permitiu que ela alcançasse relevo em diferentes atividades privilegiadas nas escolas primárias e secundárias.Festas cívicas, associações auxiliares da escola, tais como os jornais escolares e as Ligas Pró-Língua Nacional que faziam parte do cotidiano de muitas escolas - valorizavam e faziam usos de certos passados, as quais destacavam a importância da língua portuguesa, a riqueza e a grandeza da pátria, os deveres cívicos e patrióticos e as celebrações de datas, heróis e mitos nacionais. A preocupação com a formação do espírito nacional, a centralidade da unidade nacional nos discursos, a pretensa homogeneização cultural são chaves de leitura importantes para se compreender as políticas educacionais e o ensino de História no período, e são temas enfrentados pelos autores e autoras que participam desse livro.