Neste livro fica provado que ainda é possível produzir dissertações nos padrões de outros tempos, quando o trabalho acadêmico exigia o domínio da língua, ampla leitura, revisão inteligente do conjunto da obra do autor, enquadramento histórico-social.Ressalta-se: nem a Literatura, nem a Sociologia foram ofendidas – o texto literário foi trabalhado como texto literário, a Sociologia de acordo com a sua própria especificidade. Mais ainda, o entrelaçamento da Sociologia com o sociopolítico, com a abordagem compreensiva das Ciências Sociais e com as Ciências Humanas (Literatura e Sociedade). Nesse ponto e vista cada vez mais abrangente, ocorre a relação entre pensamento social e a estrutura da sociedade brasileira do século XIX, quando analisa os seus “ismos” (naturalismo, positivismo, republicanismo, anticlericalismo, abolicionismo).A esta síntese do trabalho de Rodrigo Estramanho de Almeida deve-se agregar a feliz escolha (como convém) de epígrafe retirada da obra de Dercy Ribeiro: “Posto entre os dois mundos conflitantes – o do negro, que ele rechaça, e o do branco, que o rejeita – o mulato se humaniza no drama de ser dois, que é o ser ninguém”. Trata-se, enfim, de uma bem feita e oportuna contribuição para o estudo da literatura e sociedade no Brasil.