Se, anteriormente, era habitual considerar que o meio agrícola podia levar uma vida à parte, longe das grandes turbulências do mundo, doravante tal opinião já não é sustentável. Não só a agricultura foi anexada pela sociedade como concentra ainda em si todas as dificuldades actuais. Será talvez por essa razão que constitui, precisamente, o melhor laboratório de todas as nossas experiências involuntárias. O desprestígio do produto e o reino do imaterial, a deserção do trabalho, as novas modalidades de partilha social, a promoção de novas missões de interesse público em busca das suas próprias regras, tudo isso necessita de novos pilares que sirvam de esteio à nossa sociedade. A Europa questiona--se: a dos estados, das nações, dos políticos, dos media, dos comerciantes, das multinacionais e dos construtores de impérios Todos a encaram à sua maneira e estão prontos a bater-se para fazer triunfar o seu ponto de vista. O mundo globaliza-se e transforma--se; já não corresponde à imagem que dele se tinha no GATT. Como será ele regulado? Chegará sequer a sê-lo? Novos parceiros a Leste entram na dança. A Ásia neoconfuciana apresta-se para assumir a liderança do mundo económico. O século XXI pouco terá a ver com os anteriores, dominados pelo pensamento e pela técnica ocidentais, o que o torna ainda mais imprevisível e ameaçador. Foi para tentar responder a todas estas interrogações, plenas de incertezas, que a presente obra foi escrita.DOMINIQUE BODIN-RODIER, doutorado em Ciências Políticas (Paris I), especializou-se nas questões agro-alimentares ao longo de numerosas missões nas instâncias europeias e internacionais. JACQUES BLANCHET, antigo aluno da ENA, após uma brilhante carreira na administração, dedica-se à investigação e ao ensino. É autor de um grande número de artigos e obras sobre a agricultura e os problemas internacionais.