Os poemas desta Tarde inventada têm a aparência das crônicas urbanas do cotidiano, narradas numa linguagem simples e envolvidas num lirismo levemente irônico e descompromissado. Um bálsamo para a alma sempre atarefada e cansada das pessoas em situação de cidade. Mas, a este leitor que busca refúgio no entretenimento, recomenda-se o cuidado de não se deter demais nos poemas, pois nas suas entrelinhas singelas afloram temas graves, como a morte, o amor, o (homo)erotismo, a memória, os problemas sociais, as dúvidas e angústias pessoais, existenciais, poéticas etc. E se o leitor se aprofundar mais, vai perceber que a linguagem simples do texto oculta uma complexa trama de sons e imagens, que dão densidade e intensidade aos temas; e que a leveza superficial da crônica encobre um espesso abismo de sentido, que só a melhor poesia consegue expressar. (...)