E se o mundo inteiro virasse um imenso Brasil? Seria um pesadelo ou uma utopia? Seria o mar virando sertão ou o sertão virando mar? Pois é dessa possibilidade que trata o italiano Giuliano da Empoli neste ensaio intitulado "Hedonismo e medo - o futuro brasileiro do mundo". Na verdade, trata-se de uma possível "brasilianização" do universo. Em outras palavras, do imaginário brasileiro como parâmetro de globalização. A questão é provocativa, controversa e com verso e reverso. De um lado, os otimistas podem pensar em um mundo enfim contaminado pela nossa simpatia, malícia, ginga, malemolência, malandragem, descontração, pelo nosso estilo, jeito de ser, espírito ou jogo de corpo. Por outro lado, os pessimistas já imaginam um mundo dominado pela nossa violência, nossa distribuição de renda, nosso desprezo pelos mais fracos, nossa prostituição de menores e tudo o que mancha o mito e faz do nosso país um lugar, ao mesmo tempo, invejado e temido pelos turistas. Empoli comprou uma boa briga. Se o parâmetro de "brasilianização" fosse o otimista, não faltaria brasileiro para acusá-lo de idealização e de distorção da realidade. Se fosse o pessimista, seria criticado por denegrir a imagem do Brasil. Este livro não deixará brasileiro algum indiferente. Estará de fato o mundo transformando em algo parecido com o Brasil? Quais são os indícios dessa transfiguração? Qual o significado disso? Trata-se de uma metáfora ou de uma realidade cuja evidência não pode mais ser eliminada? A leitura dará as respostas. Eis um Brasil visto de fora com a intenção de ver o mundo de dentro.