Abismo tem sabor? Sabor de suor advindo do medo? Sabor seco de adrenalina correndo nas veias? Sabor doce/amargo de quem sabe que depois do fundo não há mais nada? Sabor forte e azedo que sobra das noites de paixão? Lula Carvalho pode não buscar respostas neste livro, mas certamente ele intriga com várias perguntas. De uma forma sutil, ele enreda o leitor nos meandros dos personagens à beira da paixão, dos descaminhos da droga, de escolhas insensatas, de atos de generosidade, de gestos de mesquinharia, enfim, de abismos. As palavras fluem livremente, quase como em uma crônica cotidiana. Os personagens, às vezes, parecem velhos conhecidos na sala de jantar. Noutras, mostram faces que sequer imaginávamos e esperamos jamais conhecer. E assim essa crônica do cotidiano de uma família como tantas outras se torna, por vezes, um retrato duro das neuroses que se escondem por trás de portas fechadas. Lula Carvalho confessa que escreveu este livro "para não enlouquecer". E, certamente, através das palavras ele venceu demônios e espantou para longe a possibilidade de ser tentado pelo tal sabor do abismo, que agora ele oferece para você.