O presente volume, de número IIII, do Livro das mil e uma noites (376 pp.), completa a nova tradução, diretamente do árabe, do clássico universal, a cargo do professor Mamede Mustafa Jarouche. Mais do que uma nova tradução, trata-se, na verdade, de uma nova configuração. Pois não há uma versão única da obra. O que se conhecerá neste volume, das fontes originais, é o que se chama de 'ramo egípcio' das histórias, sua parte mais tardia (além de variações comparativas apresentadas em anexo). O livro conta, ainda, com nota introdutória e posfácio a cargo do tradutor, com indicações das fontes. O Livro das mil e uma noites é um desses livros que (quase) dispensam apresentações. Algumas de suas histórias e personagens, como Ali Babá e sua caverna, Simbad, o marujo, Aladim e o gênio da lâmpada e a própria Sherazade tornaram-se parte do que se pode chamar de repertório mundial. Poucos desconhecem a história da mulher que conta, a cada noite, uma história diferente para seu amante. Menos lembrado é Sherazade estar condenada à morte. Pois a narrativa começa com o adultério da mulher do sultão. Ele, então, a mata, e para garantir não ser traído outra vez, passa a matar no fim da noite de núpcias as novas mulheres com quem se casa, a um ritmo de uma noiva por dia. Para se salvar, quando chega sua vez Sherazade tece uma trama narrativa na verdadeira acepção da expressão. Pois suas histórias não duram uma noite: duram um pouco menos. Assim, sempre começa a história seguinte antes que a noite acabe, de modo que a curiosidade do sultão a mantém viva por todo o dia, para que, na noite seguinte, complete a história. Que de fato se completa, apenas para que uma nova seja iniciada, mas não terminada.