Essa Fernanda que agora publica o seu primeiro livro de poemas tem sobrenome de poeta brasileiro, mas desengane-se quem acha que esta poesia é apenas devedora do riquíssimo património poético do maior país da América do Sul. Quem assim proceder ficará no meio do caminho. Aqui estão presentes as pedras que Fernanda foi recolhendo no meio do seu caminho individual, mas, em vez de ficar por ali pensando nelas, ela puxou-lhes algum brilho e erigiu a sua Muralha. Muralha é, assim, um livro da humildade. A expressão que aqui é mais repetida pelo sujeito poético é «Não sei», sobretudo num poema longo no qual a dúvida se plasma em interrogações retóricas (que livro de poesia não é, todo ele, uma interrogação retórica, mesmo que cheio de frases declarativas?). São poemas urbanos de hoje, de alguém que vive entre baías e estuários e com um oceano pelo meio. Mas a razão primeira por que este livro deve ser lido é porque ele não pretende estar em cima do muro, apesar do título. Como todo (...)