Assombrados por espectros dos líderes nazistas, como Hitler e Göring, os sonhos refletem - em chave ao mesmo tempo trágica e absurda - o medo que se disseminava no cotidiano da sociedade alemã e a angústia experimentada por indivíduos dilacerados entre o impulso premente da recusa ao nazismo e a suposta segurança conferida pela atitude conformista. Em um dos relatos, uma mulher sonha que é presa por pensar em Hitler ao ouvir a palavra diabo, o que só foi possível saber graças a uma máquina da polícia que lê pensamentos. Em outro, cartazes com as palavras Deus e eu são substituídos nas ruas porque ambas foram publicamente banidas. Medo, suspeita, culpa e terror espalham-se pelos sonhos coletados nas entrevistas conduzidas por Beradt, compondo um retrato humano do horror íntimo comumente vívido em tempos de grandes conflitos sociais. [...]