Em Querido menino, lançamento da Editora Globo, o pai relata em primeira pessoa a angústia e a luta pela sobrevivência do seu filho dependente de drogas. O autor e jornalista David Sheff abre a vida da sua família e expõe as aflições de Nic, um garoto, que aos poucos acaba entrando no mundo das drogas. A sinceridade do pai comove o leitor, que se pergunta, como a crítica perguntou. "Por que escancarar a vida do filho desta maneira?" Ele responde: para que ele, o livro, seja um manual para aqueles que passam pelo mesmo problema, a mesma dor. Baseado em pesquisas, como a indicação de que filhos de pais separados têm maior propensão ao uso de drogas pesadas, o autor vai escalando os degraus doloridos que seu filho sobe. Mas, antes, ele relembra a infância de Nic e narra a vida de uma criança tranqüila, alegre e carismática. O problema é quando o menino dedicado, estudioso e inteligente começa a demostrar sinais de distração, irritabilidade e outros comportamentos que diferem de quem ele era. O pai pergunta: o que está acontecendo com meu filho? Descobre: aos 12 anos Nic começa a fumar maconha e aos 17 passa a usar drogas pesadas, como cocaína e metanfetamina. O pai tem a impressão que vai perder seu filho para as drogas e resolve travar uma batalha. Interna o filho diversas vezes (em clínicas com tratamentos diferenciados: a cada internação, um método) e ouve sempre na saída da clínica: "pai, foi a última vez". Mas, não. A cada recaída do filho, o pai não dorme, se culpa, tem um derrame cerebral (se salva) e tenta achar a explicação, o porquê de isto ter acontecido com seu filho - tão bem criado. Não há respostas, diz o próprio autor, só alternativas. São elas, as alternativas para aliviar a dor e o sofrimento, que o autor vai oferecendo no decorrer do livro. Além de exemplos práticos de convívio, como fumar maconha com o filho, para tentar aproximar-se dele. Querido menino é o relato emocionado de um pai-autor que ainda sofre com o drama do filho. "O afeto que sinto pelo meu filho é temperado pelo medo que sinto dele", diz David Sheff