Desde 1991, data de lançamento da primeira edição brasileira de A Angústia da Influência, o nome de Harold Bloom tem representado o que há de mais importante e mais instigador para nossa crítica literária. E não só para ela: Bloom já se tornou uma referência habitual em áreas que vão da psicanálise ao esporte, do jornalismo à música e ao teatro. Pode-se dizer que nenhum outro crítico literário disputa hoje com Bloom esta posição de influência-palavra de peso especial, à luz de suas teorias. Nas palavras do autor, Um Mapa da Desleitura estuda a influência poética, termo que continuo não usando como a passagem de imagens e idéias de poetas para seus sucessores. A influência, como a concebo, significa que não existem textos, apenas relações entre os textos. Estas relações dependem de um ato crítico, uma desleitura ou desapropriação, que um poema exerce sobre outro. A relação de influência governa a escrita, e a leitura, portanto, é uma desescrita, assim como a escrita é uma desleitura. Com o prolongamento da história literária, toda poesia se torna necessariamente crítica em verso, bem como toda crítica se torna poesia em prosa. Examinando obras de autores ingleses e americanos, antigos e modernos, Harold Bloom nos mostra, neste livro, como os padrões figurativos da poesia representam uma resposta e uma defesa contra a influência dos poemas precursores. O mapa da desleitura descreve graficamente como se dá a produção do significado, nas relações entre imagens poéticas e figuras retóricas. No centro do livro, o mapa serve como guia de leitura para uma interpretação caracteristicamente original e virtuosística de um poema de Robert Browning. À sombra de do grande precursor Milton, Bloom estuda a poesia de seus seguidores ingleses (Wordsworth, Shelley, Keats, Tennyson). À sombra de Emerson, ele estuda os seus descendentes americanos (Whitman, Dickinson, Stevens e os contemporâneos Robert Penn Warren, A.R. Ammons e John Ashbery). A intimidade com a poesia e a fluência do pensamento de Bloom não têm rivais; igualmente marcado, mas nem sempre visto, é seu humor, temperando a eloqüência sombria e as cadências proféticas. De forma memorável, este livro nos traz Harold Bloom ombro a ombro com os poetas, dividindo ou lutando com eles pela poesia. Com a publicação da nova edição de Um Mapa da Desleitura, forma-se em português, a assim chamada tetralogia da influência, que inclui, além de A Angústia da Influência, os volumes Cabala e Crítica e Poesia e Repressão (todos publicados nesta série).