Entre os anos 1970 e 1985, o pensamento crítico a respeito do cinema empenhou-se na construção de uma teoria geral da subjetividade, conhecida mais genericamente como a teoria da enunciação cinematográfica. Nesse período, o processo de recepção do filme e o modo como a posição, a subjetividade e os afetos do espectador são trabalhados ou ¨programados¨ no cinema merecem uma atenção concentrada da crítica. O aparato tecnológico do cinema bem como a modelação do imaginário forjada por seus produtos foram submetidos a uma investigação minuciosa e intensiva, no sentido de verificar como o cinema trabalha para interpelar o seu espectador enquanto sujeito, ou como esse mesmo cinema condiciona o seu público a identificar-se com e por meio das posições de subjetividade construídas pelo filme. Mas essas teorias começam a entrar em crise quando novos meios assumem a hegemonia do mercao audiovisual (hipermídia, realidade virtual, videogames, ambientes colaborativos baseados em rede, etc.) e recolocam, de modo inteiramente novo, a questão da inserção cinematográfica e, em seguida, discute os novos regimes de subjetividade que estão sendo instaurados no ciberespaço, no sentido de buscar formular uma teoria geral da enunciação nos meios digitais, baseada nos conceitos de imersão, navegação, narração automática e avatar.