O álbum de família, o nome e a nomeação, a infância, a casa e outras histórias e imagens, compõem o itinerário do grupo FABEP, lugar de pertença e partilha na construção social do conhecimento. Conhecimento de si, do outro e da realidade. Não o conhecimento excludente, partido, fragmentado, que sabota o sentir e os sentidos, mas aquele no qual o eixo é a poética. Há alguns aspectos sutis e fundamentais nesse processo grupal de aprendizagem chamado de autoetnografia colaborativa em que, através dos relatos autobiográficos, se resgata processos essenciais do humano, a apropriação da existência a partir da revivecência do que fomos/somos e do que podemos vir a ser. Essa vivência nos permite abrir mão das ilusões, nos impele à verdade de nós próprios e nos impede de morrer, porque no olhar poético, morrer significa recusar ser o que somos. Resgatar essa dimensão do humano a partir das narrativas de cada um e do grupo, tendo a memória da infância como ponto de partida, permite retomar e reforçar a condição da vida, vida desprovida de ausências, afinal repõe em vida, as vidas que não foram. Histórias de vida que registram suas identidades num processo permanente de transformação. Nessa rota/caminhada/trajetória/ itinerário, falar de si é também falar do outro e é também silenciar. O silêncio que revela por si só e que ecoa no interior, no exterior, na casa, no quintal, no rural, no urbano, no espaço, em um país, em nossas origens e raízes. Resgatar-se a si próprio através do outro e da poética é o que há de mais urgente num mundo de crises, tecnologias, tempos invisíveis e valores fixados pelo mercado. Por esta razão é necessário, de tempos em tempos, repensar valores, retornar a si mesmo, trazer à memória a infância, visitar o passado, dar voz aos silêncios, para que não nos tornemos naturalmente invisíveis a nós próprios, aos outros e ao mundo.