Mais que um livro de viagem, é um livro sobre a viagem. Além de trazer detalhes pitorescos das sociedades indígenas do Brasil central, o livro discute as relações entre o Velho e o Novo Mundo, e o significado da civilização e do progresso."Tristes Trópicos": neste título já se condensa toda a beleza de uma obra magistral. Inclassificável em sua grandeza humana. Narrativa de viagem ou ensaio de ciência? Em sua prosa poética, melancólica, irônica, Claude Lévi-Strauss desloca parâmetros consagrados, questionando ao mesmo tempo viajantes e cientistas. Sua imaginação criadora nunca abre mão da reflexão lógica mais rigorosa. O Brasil que aqui se revela está muito além da provinciana cidade de São Paulo. Pois o mundo perdido dos cadiueu, dos bororo, dos nambiquara e dos tupi-cavaíba tem seus próprios estilos e linguagens. Somos ainda humanos o bastante para compreendê-los? É essa pergunta que faz de "Tristes Trópicos" não só um clássico da etnologia e dos "estudos brasileiros", mas uma obra universal, sem fronteiras, sobre a crise do processo civilizatório na modernidade.