O recrudescimento das críticas aos paradigmas teórico-conceituais e ao próprio modus operandi da musicologia histórica, a partir da década de 1980, fomentou seu reposicionamento em direção a processos, temas e métodos característicos das disciplinas não musicais, tais como a antropologia, linguística, etnomusicologia, crítica literária e a teoria cultural, dente outras. Como a Historiografia da segunda metade do século XX, a musicologia tenta desenvolver uma crítica aos seus enunciados e práticas baseada na consciência de suas formas de construção e significação e da historicidade de seus postulados. Tal fenômeno de inquirição ontológica deu-se, majoritariamente, nos países de língua inglesa, onde recebeu o nome de New Musicology. Além de contextualizar a New Musicology e suas principais correntes de ação, este livro pretende analisar como tal movimento crítico foi apropriado pelas didáticas de Historia da Música mais utilizadas nos cursos de graduação em música dos Estados Unidos. Tratar-se-á, pois, de desvelar como um material comumente caracterizado por uma postura historiográfica mais tradicionalista, cuja tendência é apresentar uma História da Música que coaduna contextualização geopolítica, evolução dos estilos, gêneros e formas musicais a aspectos biográficos das grandes personalidades, tem inserido e articulado em suas narrativas e estratégias pedagógicas as propostas da New Musicology.