Os leitores vão encontrar neste livro pelo menos duas qualidades que se destacam imediatamente: a rapidez e a sutileza. Os contos podem ser lidos em poucos minutos, num abrir e fechar de olhos, para usar o lugar-comum. Mas tudo se realiza com uma habilidade de quem conhece os caminhos da narrativa, sempre num jogo de artífice. Por isso é preciso não se enganar: a rapidez tem seu preço, sua armadilha de silêncios, sua estratégia de segredos. A luz e a fresta e Tarde em Lisboa são exemplos de contos que podem integrar uma dessas grandes antologias em que estão reunidos os melhores de cada parte do planeta. Sem exagero. Sem qualquer exagero. Basta acompanhar a criança de A luz e a fresta na sua solidão de dor; ou o homem da tarde em Lisboa com lágrimas no fim do dia. Há em Luiz Arraes aquilo que costumo chamar de simplicidade com sofisticação. Ou seja, o texto chega aos olhos do leitor com aparente reiterando: com aparente facilidade. De leitura rápida e fácil. Sim, fácil, porque [...]