"Aqui está o Vinicius mais acessível - o que se abriu ao grande público, antes mesmo de ser bafejado pela universal popularidade que buscou e conquistou como expoente da MPB. Há muito se sabe que são vários os Vinicius. Depois do Vinicius musical, foi o Vinicius cronista quem mais depressa chegou ao coração do grande público. Como seu mestre Manuel Bandeira e seu amigo Carlos Drummond de Andrade, como tantos poetas, Vinicius escreveu crônica para sobreviver, ou quando muito para juntar um dinheirinho aos seus vencimentos de diplomata. Foi a força das circunstâncias, ou a sobrevivência, que o levou à colaboração periódica nos jornais e nas revistas. Seria o caso de dizer bendita sobrevivência, ou bem-vindas circunstâncias. Prosa fiada e nem por isso arte menos ingrata, como diz de saída o próprio Vinicius. Alheio à controvérsia de teóricos e críticos sobre o gênero, quase sem querer o poeta definiu o seu conceito de crônica, ou seja, uma conversa íntima e livre que, partindo do seu interesse pessoal, vai de fato interessar a todos os seus leitores."